terça-feira, 1 de janeiro de 2013

ENCONTRO CHAROLAS CASA DO POVO






Foi em ambiente de festa que decorreu esta tarde o Encontro de Charolas na Casa do Povo de Estói.

O programa contou com a participação dos grupos:

1. Charola da Casa do Povo de Conceição de Faro
2. Charola Aldeia Branca de Estói
3. Charola da Mocidade Bordeirense
4. Grupo de Cantares do Rancho Folclórico da ACR de Sta Barbara de Nexe
5. Charola Ossonoba
6. Charola Flor Oriental
7. Charola da Casa do Povo de Estoi

Grupos com diferentes estilos e reportório, mas todos interessados em manter esta tradição das Charolas do sotavento algarvio, de festejar o Ano Novo e o Dia de Reis, apresentando toda a vivacidade e alegria que lhes é peculiar nomeadamente no que toca ás vivas.

Infelizmente a tradição tem degenerado sendo que actualmente as tradicionais “vivas”, foram substituídas em quase todos os casos, por quadras e sextilhas dedicadas aos presentes e também com alguma sátira politica, mas pouco alusivas a esta festa de Ano Novo.

Seja como for a tradição mantém-se e as Charolas saíram mais um ano para encanto de todos os que, tal como eu, gostam de as ouvir cantar.

Parabéns a todos os grupos presentes e á Casa do Povo de Estoi, por esta organização que contou com o apoio da Junta de Freguesia de Estoi e do Município de Faro.

2 comentários:

Abel Beirão Mendonça disse...

Na freguesia de Santa Bárbara de Nexe, a partir do momento em que se criaram as " Charolas ", ou " Grupos Charoleiros " ( segundo consta, no Sítio de Bordeira, no primeiro quarto do século XX )todas as quadras cantadas pelos Começadores e as vivas ( em quadras, e não só ) declamadas por qualquer elemento do grupo, são feitas de improviso e alusivas a vários temas actuais, desde a época festiva comemorada, a acontecimentos vários, actualidade política, passando por saudações, recados, e até piadas, a quem está presente. Porque estamos a falar de " Charolas " e não de " Grupos de Janeiras " ou " Janeireiros ",não vejo, então, aonde é que as " Charolas " perderam a sua tradição pelos motivos anteriormente apontados. Os " Grupos de Janeiras " é que, desde sempre, entoam quadras alusivas exclusivamente ao Natal, Ano Novo e Dia de Reis. Parece é que há muita gente que é induzida em erro pelo facto de muitos " Grupos de Janeiras " se auto-dominarem " Grupos de Charolas ", libertando-se dos cânticos secularmente tradicionais das " Janeiras " e segundo um alinhamento musical muito idêntico às " Charolas ", apenas mantendo o hábito de se focar, em grande parte, nos mesmos temas ouvidos pelos tradicionais " Grupo de Janeiras ". Esses grupos, sim, é que perderam a identidade tradicional. E acabam por não ser nem carne nem peixe. Nem " grupos de Charolas ", nem " Grupos de Janeiras ". Eu chamar-lhes-ia, num bom sentido " Grupos de Parodiantes ", também amantes da música e da poesia. Desejo é que todos estes diferentes grupos perdurem nos tempos de modo a que nunca se percam estas tradicionais manifestações populares. Isso é que é o mais importante. Tenho dito.

JOSE JOAQUIM RODRIGUES disse...

Boa tarde Abel Mendonça

Não pretendendo alimentar confusões digo que em matéria de tradições cada terra deve guardar as que tem.

Os grupos de Sta. Bárbara de Nexe, têm uma forma particular de cantar as Janeiras, não evocando qualquer tema religioso, é uma tradição sua que se respeita.

Todos os outros grupos do concelho de Faro e restante sotavento algarvio, apresentam tradicionalmente no seu reportório dois cânticos dedicados ao "Deus Menino", é uma tradição deles que deve igualmente ser respeitada.

Reportório á parte, "janeireiros" são todos os grupos, incluindo os de Sta. Barbara de Nexe, porque celebram o inicio de Janeiro, ou seja, de um novo ano.

Se atentarmos no dicionário da lingua portuguesa, "Charola", é uma palavra que entre outras coisas quer dizer, "andor" onde se transportam as imagens religiosas numa procissão.

Daí que os grupos que transportam simbolicamente a imagem do "Menino Jesus" numa pequena caixa ou "charola", terão mais a ver com a designação de Charola.

No entanto, estas manifestações de cultura popular valem o que valem e cabe a cada um, determinar o valor que têm para si próprios.

Na opinião do Abel Mendonça, as outras Charolas são, no "seu bom sentido, "grupos de parodiantes" não sendo nem carne nem peixe, isto é, não têm classificação possivel.

Felizmente a grande maioria dos que gostam e sabem apreciar as Charolas têm opinião bem diferente, como podem testemunhar os vários festivais e encontros de charolas que acontecem um pouco por todo o algarve.

Resta-me reafirmar em refência ás "vivas" que tal como disse na publicação que deu origem ao comentário do Abel Mendonça, já pouco fazem juz ao seu nome, isto é, a palavra "viva" ou "saudação", poucas ou nenhumas vezes, são incluidas na construção das quadras ou sextilhas, recitadas.

JJ Rodrigues