"Em resposta ao comentário do Abel Mendonça que publicámos anteriormente deixo a minha opinião sobre as charolas e o seu significado..."
Boa tarde Abel Mendonça
Não pretendendo alimentar confusões digo que em matéria de tradições cada terra deve guardar as que tem.
Os grupos de Sta. Bárbara de Nexe, têm uma forma particular de cantar as Janeiras, não evocando qualquer tema religioso, é uma tradição sua que se respeita.
Todos os outros grupos do concelho de Faro e restante sotavento algarvio, apresentam tradicionalmente no seu reportório dois cânticos dedicados ao "Deus Menino", é uma tradição deles que deve igualmente ser respeitada.
Reportório á parte, "janeireiros" são todos os grupos, incluindo os de Sta. Barbara de Nexe, porque celebram o inicio de Janeiro, ou seja, de um novo ano.
Se atentarmos no dicionário da lingua portuguesa, "Charola", é uma palavra que entre outras coisas quer dizer, "andor" onde se transportam as imagens religiosas numa procissão.
Daí que os grupos que transportam simbolicamente a imagem do "Menino Jesus" numa pequena caixa ou "charola", terão mais a ver com a designação de Charola.
Diz o Abel Mendonça e nada temos a opôr, ao facto de, as charolas na freguesia de Sta. Bárbara de Nexe, terem sido criadas em Bordeira, no primeiro quarto do século vinte.
Não diz certamente não saberá que as referências mais antigas das charolas nas outras localidades, datam igualmente do inicio do mesmo século vinte, ou seja, quer umas quer outras terão sido fundadas mais ou menos na mesma época temporal.
No entanto, estas manifestações de cultura popular valem o que valem e cabe a cada um, determinar o valor que lhes quer atribuir.
Na opinião do Abel Mendonça, as outras Charolas que não as de Sta. Bárbara de Nexe, não têm classificação possivel, não são nem carne nem peixe, atribuindo-lhes no "seu bom sentido", a designação de "grupos de parodiantes".
Felizmente a grande maioria dos que gostam e sabem apreciar as Charolas têm opinião bem diferente, como podem testemunhar os vários festivais e encontros de charolas que acontecem um pouco por todo o algarve.
Resta-me reafirmar em refência ás "vivas" que tal como disse na publicação que deu origem ao comentário do Abel Mendonça, já pouco fazem juz ao seu nome, isto é, a palavra "viva" ou "saudação", poucas ou nenhumas vezes, são incluidas na construção das quadras ou sextilhas, recitadas.
JJ Rodrigues
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