domingo, 18 de março de 2018

FALECEU DILAR ROSA ALVES



Foi um tremendo golpe para todos nós, Estoienses, seus amigos, amantes da cultura, do teatro, do fado, da animação, da amizade, a perda, irreparável duma Senhora que nos deixou! Ficou e fica-nos um vazio profundo!..

Natural de Barros (Grândola – Vila Morena), no já distante ano de 1928, (faria este ano 90 anos…), que a “Diva do Fado Menor” – “Raínha da Rádio” na Beira (Moçambique), com um Júri de selecção a conferir-lhe esse honroso título, num Fado Menor que encantou quem a ouviu, aí viveu e passou os melhores anos de sua vida, ao lado do grande amor de sempre, Rogério Alves, Fiscal da Barragem do Limpopo.
Seu saudoso marido, que tinha um Cinema em Grândola, partiu, ainda muito novo, tinha a Dilar Rosa 44 anos de idade, deixando um vazio jamais sanado, sendo que só com a ajuda e estímulo de seu filho Vítor Alves, mais tarde casado com a nossa conterrânea e amiga Ana Rosa, de cujo enlace amoroso vieram a nascer os netos Patrícia, “Nucha” e Rogério (De homenagem a seu marido), foram o suporte que a mantiveram erecta e actuante para a vida.

Cabeleireira exímia, no Limpopo, Trigo de Morais, Moçambique, com naturais qualidades para o Teatro, a dança, o canto, cedo conquistou público e amiúde era convidada para actuar, encenar ou cantar o fado.

Com a chegada da Revolução de Abril, viu-se espoliada dos seus haveres e acabou por regressar a Portugal, iniciando nova vida, quase que do nada! 

Quis a sorte, para todos nós seus amigos, que viesse morar para Estoi, ali no Sítio da Cancela, aqui encontrando de novo os amigos que ansiava. 

A vontade em ser útil, conhecedora das suas naturais qualidades, fá-la prosseguir a actividade, na então caduca Casa do Povo de Estoi, a mais antiga do Algarve, ajudando na dança as crianças e jovens de Estoi, no Teatro, representando, encenando, peças como “O Mar” de Miguel Torga, “O Gebo e a Sombra” de Raúl Brandão”, ou “Um pedido de Casamento” de Anton Tchekov, com o aplauso e aceitação geral.

Mais tarde é convidada pela Junta Central das Casas do Povo para ser Directora de Cena do trabalho “A raposa e as Uvas”, com o Grupo “Algarve – Casa do Povo”, com assinalável sucesso e aceitação.

De uma sensibilidade ímpar, todos ficámos mais ricos a seu lado! A amizade, a entreajuda a dádiva ao próximo, fizeram da Dilar, um exemplo a seguir e respeitar e no dia 16 de Julho de 2011, os seus amigos e pupilos, prestaram-lhe a homenagem que ela tanto merecia, representando uma peça de A.Aleixo e tendo a seu lado fadistas e guitarristas convidados, que a acompanharam nuns fados no exterior da Casa do Povo de Estoi, repleta, cheia, a abarrotar de amigos e admiradores da sua “arte” múltipla, eterna!

Repousa em Paz querida Amiga!

Em sua homenagem, como seu amigo e admirador, que tantas vezes a recordo, na Festa da Pinha, com a Rádio Simão, com o Eusébio Rita Bexiga, nas entrevistas que fazíamos, com o Virgílio Rodrigues nos bastidores dos palcos, com o meu “compadre” seu único e querido filho, Vítor Alves, que na presença de sua querida mãe, se despediu (11/3/2018), frente ao cadáver prestes a ser depositado na fria cova do Cemitério de Estoi, com palavras simples, sentidas, chorosas, de arrepiar!.. 
Curvo-me com respeito e deixo uns singelos poemas, que na altura não fui capaz de proferir em sua homenagem:

Foram anos sem igual!..
No palco, a representar…
Numa época “especial”…
Sempre ao lado da Dilar.

Partiste!.. Bela Amiga!..
No silêncio, vou chorar…
Muito embora não consiga
Esta saudade mitigar…

Estoi, 16 de Março de 2018
J. Aleixo

Sem comentários: