segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O VALERINHO - UM POETA SINGULAR



Em pleno século passado
Gerado com muito critério
Veio ao mundo um engraçado 
Baptizado por Valério.

Valha-me Deus! Que belo moço! 
Que formas tão perfeitinhas 
f .. Uma ameixa sem caroço
E que tesas as peminhas!..

A Escola disse que não
Nada dessas modemices..
"Hei-de ganhar o meu pão 
P' ra quê tantas esquisitices"...

Trabalho duro no campo
De manhã ao pôr-do-sol 
Apanhou bom figo lampo 
Lambeu-se com o "berenhol".

Um. dia foi p'ró Palácio 
Rodeado de florzinhas.. . 
Esse foi o seu prefácio
P' ra conquistar a "Dorinhas"

A paixão foi imediata
Nem o patrão se salvava
Se ele lhe jogava a "pata" 
Levava uma tuna, ai levava!..

Beijos, abraços, ternura
Sangue quente com calores
O namoro pouco dura...
"Vou casar-me com a Dores" . . .

Se assim pensou assim fez 
Nem olhou mais para trás 
Um marido bem cortês 
Deixou p' ra trás horas más.

Um amor que não mais findou 
Ele cumpriu o seu papel!..
A Dorinhas, engravidou.... 
Deu à luz a Isabel.

Trabalhava, trabalhava... 
O bom do nosso Valério 
Era rijo, não se cansava
E nasce séu filho, o Rogério.

A versejar! Uma delícia!.. 
Tocou pandeiro nas charolas 
Apertava c' a Patrícia 
Quando foi à do Mateus Bolas.

Um amigo verdadeiro
Vertical e com critério
Em Estoi, a tocar pandeiro
E um artista, o Valério.

As festas em que ele entrou!.. 
O trabalho não o cansava 
Se alguém o "aproveitou". . . 
Ele nunca se negou a nada.

Até teatro ele fez!..
Sala cheia como um ovo 
Analfabeto! - Talvez!... 
Mas um digno filho do povo.

Em 2 de Maio venham vê-lo!... 
Na Rádio Simão, na carrinha... 
A arte flúi nele, com desvelo
Na nossa Festa da Pinha. .

Salvé Amigo! Gente boa. . . 
Eu digo à minha maneira
Se a capital é Lisboa
Tem bons. amigos em Bordeira.

O Manel Galego, o Rafael 
Bons petiscos, com "tinto1" 
Cada um no seu papel 
Num dia quente de sol.

Na "ternura dos oitenta"
 Com amigos a seu lado
Um homem sempre se aguenta 
Se por muitos for estimado...

Sorriso aberto e leal 
Homem bom, filho do povo 
"Charoleiro" sem igual 
Aos oitenta, sempre novo.

Com estima e amizade
Dos amigos que aqui estão 
Valério! Um amigo de verdade 
Em cada um de nós, um irmão.

O V alério fez oitenta!.. 
Eu não sei como isto foi 
O sorriso que ele ostenta 
Só o tem, porque é d 'Estoi

Hoje está feliz o "menino"
Com amigos a seu lado
E sua sina, seu destino
Por todos nós estimado.

Uma promessa aqui deixo
P' rós noventa lá chegar 
Ou eu não me chame Aleixo 
O Valério vai cá estar.

Se o Jaiminho fez noventa
 E aqui sentado, ou além,
 Ele ainda diz que aguenta 
P'ra festejarmos os cem.

Ao lado dum grande homem 
Vamos rezar às alminhas 
Que os anos passem e somem 
Ao lado da "Ti Dorinhas".

O testemunho, a amizade 
Dos amigos que aqui estão. 
Um homem não tem idade 
Quando tem bom coração.

(No jantar de aniversário com os seus amigos, no dia 7 de Agosto de 2015)
J. Aleixo

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