MARIA HELENA RAMOS
Uma poeta Estoiense, de sensibilidade apurada, que divide hoje em dia a sua vida entre a sua casinha de Estoi, na Rua 25 de Abril e a pequena localidade de Aulnay, nos arredores de Paris.
Publicou, muito recentemente, um excelente e cativante trabalho, onde a sua sensibilidade apurada, bairrismo e uma "saudade imensa" de seus tempos de criança, ali vivencia e recorda, para lá da terrível perda de seu amado esposo, o seu Francisco, (eu tratava-o por Diogo), (filho da Adriana, felizmente ainda viva), que num inesperado e brutal acidente de automóvel o levou para junto daqueles que na vida deixaram saudades imensas, pelo bem que em terra fizeram aos seus ...
Este livrinho de poemas, merece que seja lido e divulgado e é uma honra para a nossa aldeia termos entre nós alguém com esta criatividade, sensibilidade e musicalidade constante. Assim que o tempo o permita (!), mal a Covid 19 nos deixe de vez (!), promoveremos, se a autora assim o entender, um Encontro de Poetas regionais, convidando para apadrinhar a sua obra, alguns dos mais eminentes poetas algarvios, como a Prof.ª Maria José Fraqueza, Isidoro Cavaco entre outros, com o quais a Maria Helena Ramos partilha saberes.
Deixo como aperitivo, estes dois excelentes poemas do seu último trabalho "Ao sabor das letras":
Não posso
Quem me vê e me conhece
Sou aquela que não esquece
Meu amor, não voltarás...
Quatro anos que partiste
Minha saudade resiste
Tua lembrança me apraz.
Recordo e vejo brilhos
Nos nossos netos e filhos
O jardim do nosso amor!..
Num amor que não tem fim
Mais valor do que o marfim
Na minha alma dão cor.
Quem me vê e me conhece
Sou aquela que não esquece
Um passado que foi nosso.
Eu sei que já não vais ler
Mas continuo a escrever
Porque esquecer! Ai não posso...
Teu olhar
Teu olhar para sempre adormecido
Nossas marés de sonhos por viver!
Não canto no teu olhar enternecido
Tantas palavras amor, para dizer...
Teu olhar tinha p´lo meu ternura
O meu viu nele toda a beleza!
Amor sentido e belo que perdura
Saudade, companheira de tristeza...
Teu olhar, traços da minha memória
Lembranças para sempre a reviver
Nas páginas brancas, sem história
Num livro inacabado, por escrever...
(Maria Helena Ramos)
Esta senhora merece ser cada vez mais conhecida.
Um abraço
Joaquim Aleixo
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