Abri a dita carta e pude ler, num tipo de letra de computador, escrito em meia folha A4, meio escurecida pelo tempo, o seguinte texto, que transcrevo tal e qual como foi escrito:
""Aleixo tomei a iniciativa de lhe escrever pelo seguinte
Sou de Faro indo algumas vezes a Estoi onde lá amigos este fim de semana tive o conhecimento que vai haver uma homenagem ao saudoso PROF Amílcar Quaresma meu prof e amigo ficando a saber da sua participação nessa homenagem.
É uma afronta á sua memória o Aleixo sabe que o prof o detestava e sabe pelo qual o motivo a família não o suporta sendo amigo de um dos familiares do prof eu não posso acreditar que o Aleixo tenha o baixo nível de hipocrisia de estar presente nessa homenageia não venha estragar essa tarde á família e que vai estar presente.""
Vai uma pessoa a Lisboa, à festa do "seu Benfica", tendo dito isso mesmo à Eulália, responsável pela actividade poética para a qual me tinha convidado com muita antecedência e chega-me esta "força estranha", qual "dragão enraivecido", tentando cercear a liberdade de poder estar presente no acto poético, onde, entre outras coisas culturais, o trabalho do Prof. Amílcar Quaresma iria ser abordado...
Parece-me que desconfio donde virá este tema!..
Quando se fala em "hipocrisia", soa-me a algo fedorento e mafioso ...
Que pena tenho de ter que ir para Lisboa com o meu filho... Caso contrário não faltaria no Cinema Ossónoba, ai isso é que não. Não me amedrontam nem acobardam com cartas anónimas deste quilate!
Infelizmente o professor Amílcar Quaresma, já não está entre nós, para poder confirmar ou desmentir aquilo que eu possa dizer sobre as nossas relações pessoais, por isso abstenho-me de fazer qualquer comentário sobre o assunto.
Quero apenas realçar que tendo já participado em vários eventos onde o professor foi homenageado, nunca até hoje, tive qualquer palavra ou gesto de desconsideração por parte dos seus familiares, nem senti qualquer mal estar em relação à minha presença, o que tão pouco se justificaria.
Sem falsas modéstias, digo que sempre estive, estou e estarei disponível para a minha aldeia de adopção, que é Estoi, em prol da qual sempre trabalhei, mas por prazer, não à espera de qualquer reconhecimento ou promoção pessoal que não procuro!
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